A alienação de um povo, a alienação de uma civilização…

Que parvos

Que somos

Em que cegos nos tornámos

Porque vemos a violência

De pilhagens e violações

Sem reagir

Porque dizem os nossos amos

Ser a reacção natural

De povos que armámos

Não por eles

Não pela sua liberdade

Mas para os seus recursos podermos usurpar

E assim o que aqui é crime

Ali é uma manifestação lógica

Que por ser legitimizada

Passa por ser banal…

Em que seres nos estamos a tornar

Dando a nossa liberdade

Em troca do último grito da tecnologia

Que nos faz abstrair da realidade

Para que a possam manipular

Bem à vontade

Enquanto que quem nos concedeu esse desejo

Sabe que estamos e estaremos calados

A troco de um nada

Nunca mais iremos gritar…

Porque noutros tempos

Noutras situações

A revolta era lógica

E legitima

Mas quem se revolta agora

Passa a ser o carrasco da verdade

Que nos querem implementar

E não uma natural vítima…

E assim vivemos nos tempos maravilhosos

Da plena tecnologia

Onde tudo é tão acético

Onde ninguém passa fome

Onde ninguém morre

Porque se o fazem

É longe dos ecrãs

Logo longe da nossa sensibilidade

E assim nos estamos a tornar em monstros

Que se recusam a ver

E de certa forma sentir

E este legado

Que aos nossos vindouros iremos deixar

A marca de uma geração

Que no seu todo fingiu que viveu

Se deixou alienar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 26/08/2011
Código do texto: T3182646
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