A alienação de um povo, a alienação de uma civilização…
Que parvos
Que somos
Em que cegos nos tornámos
Porque vemos a violência
De pilhagens e violações
Sem reagir
Porque dizem os nossos amos
Ser a reacção natural
De povos que armámos
Não por eles
Não pela sua liberdade
Mas para os seus recursos podermos usurpar
E assim o que aqui é crime
Ali é uma manifestação lógica
Que por ser legitimizada
Passa por ser banal…
Em que seres nos estamos a tornar
Dando a nossa liberdade
Em troca do último grito da tecnologia
Que nos faz abstrair da realidade
Para que a possam manipular
Bem à vontade
Enquanto que quem nos concedeu esse desejo
Sabe que estamos e estaremos calados
A troco de um nada
Nunca mais iremos gritar…
Porque noutros tempos
Noutras situações
A revolta era lógica
E legitima
Mas quem se revolta agora
Passa a ser o carrasco da verdade
Que nos querem implementar
E não uma natural vítima…
E assim vivemos nos tempos maravilhosos
Da plena tecnologia
Onde tudo é tão acético
Onde ninguém passa fome
Onde ninguém morre
Porque se o fazem
É longe dos ecrãs
Logo longe da nossa sensibilidade
E assim nos estamos a tornar em monstros
Que se recusam a ver
E de certa forma sentir
E este legado
Que aos nossos vindouros iremos deixar
A marca de uma geração
Que no seu todo fingiu que viveu
Se deixou alienar…