Um império do Sol…

Na certeza dualista e cruel

De que por vezes quem vela por nós

Quem nos quer proteger de certas sombras

No faz mais mal do que bem

Porque o amor pode ser a mais perigosa das armadilhas

Em vez de curar

Pode aprofundar ainda mais certo tipo de feridas…

E olho o céu em certas alturas

Nas alturas de tempestade

Procuro um raio de sol

Por detrás das nuvens

De uma aparente eterna monção

Procuro sinais de esperança

Nos teus olhos

A criança que em tempos morou em ti

Mas que deixaste escapar para o mundo dos adultos

E nela se dissolver

Não sabendo

Que em dias como esses

Essa criança

É o garante de esperança

Que vem resgatar o teu aparentemente perdido ser…

Tirar-te do meio da chuva dissolvente

Em que mergulhou toda a civilização

E nós por arrasto

Sentindo por sentir

De forma amarga

E quase cruel

Mas sem qualquer tipo de emoção…

Tento encontrar em Ti

Tento encontrar em nós

Traços que o tempo quer devorar

Traços da tal criança

Que num algures dentro do que nos transformámos

Luta por se querer

Por nos querer libertar

Porque para ela o sol se deitará sempre a jusante

Mesmo que nos digam o contrário

E embora o tempo não recue

E o nosso lado mais crescido

Sabe que nada é eterno

Pouca coisa se repete

E nada poderá ser como dantes

O sol de facto nascerá e ir-se-á deitar sempre no mesmo lugar

Tal como a vida

Porque se tal não for assim

De facto não adianta continuar a acreditar

E sentir

Mais do que saber

Que o império mais belo

É aquele das coisas simples

Onde o céu é azul

E tudo feito de papel

Onde se falam mil línguas

Mas lá nos entendemos

Recusamos que tudo se transforme numa nova Babel

Amando

E gostando

Pelo prazer genuíno de gostar

E assim sabemos

Que somos eternos

Nada nos irá separar

Duma espécie de

Um império do Sol…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 25/08/2011
Código do texto: T3181255
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