Mundos…Crónicas de tempos presentes e dos que se seguirão...
Vi mundos
Em plena dissolução
Desagregação
Onde os corpos apareciam nas ruas de Londres
Vindos algures do Islão…
Onde as pessoas de toda uma civilização
Sem distinção
De credo
Sexo
Filosofias
Afectos
Diziam-se acordados
Mas de todas as eras
Eram os maiores cegos…
Porque viviam na última versão da aldeia global
Onde a informação
Passava por ser o bem mais fundamental
E no entanto
A sua manipulação
Era o que tinham de mais real…
Vivendo as tragédias exteriores
Como se fossem um filme
A ver nos horários nobres
Onde a família que o deixara de ser
Se prostrava junta
Perante o mesmo ecrã
Onde se dizia viver o mundo em directo
No tempo real
Mas onde a realidade era pouco mais do que vã…
E então
Quando essa tragédia lhes batia à porta
Havia um assomo de revolta
Um assomo da perdida dignidade
Para ser esquecida
Mal aparecesse no tal ecrã
Outra qualquer novidade…
E no entanto
Pragas de outro tempo que se diziam
E queriam esquecidos
Andavam nas mesmas ruas
Onde brilhava o glamour
Desta nova e exemplar civilização
Mas havia sempre alguém
Para lhes dizer
Que isso era uma confusão
Da sua visão…
Havia sempre alguém
Não para estar a seu lado
Mas para assegurar
Que o tal mundo prometido
Estava bem guardado
Pelos guardiões do templo
Que da própria realidade
Andavam alienados
Perpetuando esse estado
Naqueles que era suposto serem responsáveis
Mas que à mínima contrariedade
Logo se apressavam a abandonar
Refugiando-se em mais uma torre de marfim
Que pelos menos para eles
Não pareciam faltar…
E eu assim vi mundos
A abraçar de corpo e alma
Um novo paradigma
Da máxima solidão
Onde se incinerava a filosofia antiga
Antigas lições
Que poderiam evitar a implosão
Porque esse mundo nunca iria explodir
Isso seria feio
E esse mundo
Cultivava a estética do belo
Pelo que uma implosão
Sempre dava menos nas vistas
Era mais correcta
Para os padrões
Da tal civilização…
E tal
Tal acabou mesmo por acontecer
Mas as pessoas continuaram
Algumas sobreviveram
E decidiram
Tudo
Tudo
Recomeçar
Prometendo
Nunca mais
Se deixar alienar
E assim
Construíram outro mundo
Onde os velhos erros acabaram por se repetir
Porque ao mesmo tempo que abraça as estrelas
A arte
O amor
A humanidade
Possui
Uma necessidade doentia
De se destruir…