O Grande Jequitibá Rosa

Ele tem uma linda esposa que é sua companheira a 60 anos, tem treze filhos, quarenta e nove netos, trinta bisnetos e acreditem ainda tem tempo de me dar bons conselhos, conversar sobre o Evangelho, me incentivar a ler e escrever e ter auto estima e sempre ser corajosa diante das dificuldades.

Lucan esse simples poema é seu assim como todo o meu respeito e carinho...

Sete dias depois que eu nasci

Minha mãe enterrou meu umbigo debaixo de um já frondoso jequitibá

Na tradição de família ela fez um pedido a Jesus

Que quando eu ficasse moça um anjo viesse na terra me acompanhar

Ainda menina era debaixo daquela árvore que sempre sozinha eu ia brincar

Os outonos se passavam e novos galhos eu vi brotar

As flores brancas meus cabelos eu gostava de enfeitar

As raízes surgiam da terra como braços carinhosos quando me viam chorar

Na sua sombra parava para fazer poesia no meio do dia

Ele ouvia meus soluços e minhas alegrias

Mas apesar da fartura nunca tínhamos dinheiro na roça

Então meu pai resolveu cortar e vender o jequitibá rosa

Fui me despedir dele numa fria manhã

O abracei chorando e lembrei das palavras do meu poeta Lucan

Minha musa você é uma princesa

Acredite nisso independente do que os outros digam ou do que tenha sobre a mesa

Ao ouvir o barulho da motoserra impiedosa

Eu me agarrei com toda força do mundo ao tronco do jequitibá rosa

O dia que eu tiver que cortar uma árvore para sobreviver

Será como ver minha alma aos poucos de tristeza morrer

Meu umbigo já é só uma lembrança nesse chão

Mas derrubar essa árvore seria como se cortasse ao meio meu coração

Pai esse jequitibá tem galhos que quase chegam a alcançar o céu

É um gigante de sabedoria que cresceu junto com sua filha Raquel

Jesus ouviu minha mãe e atendeu seus pedidos

A maior riqueza que tenho é poder ter amigos

Entre eles existe um que me dá conselhos e me estima demais

Mãe, Lucan é o nome do anjo que veio a terra acompanhar a moça de Batatais

A árvore enquanto eu viver não deixarei cortar nem perder o encanto

Ilustre poeta com seus oitenta anos é o baluarte desse Recanto

Se muitas vezes eu vinha suja da lida

Você me recebia com um carinhoso querida

A frondosa árvore nesse inverno de novo irá florescer e sementes germinar

Será como o meu carinho aos meus amigos o vento espalhar

Obrigada por nunca ter aberto mão de ter uma musa da roça

Te abraço agora como um dia abracei aquele imponente jequitibá rosa...

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 31/05/2011
Código do texto: T3006265