Emoções de Coração Só

Há dias assim...

Em que o peso da solidão é demasiado profundo

E o que transborda é o eco surdo da ausência

Transpirando uma saudade tridimensional

Que atinge qualquer direcção e movimento

Como algo denso e sobrenatural

Que aflige o peito e condensa a tristeza

Num suspiro de dor e de amor

Que invade a alma e corroí o coração

Necessitado de esperança e ilusão

Há dias assim...

Em que o sol não brilha para nos aquecer

E as nuvens cinzentas se juntam

Para fazer companhia às nossas lágrimas

Para absorver a amargura e o tempo

Que se deseja eternamente preso ao presente

Ou involuntariamente amarrado ao passado

Como forma de amadurecer sentimentos

E perpetuar momentos que a memória não traz de volta

Há dias assim...

Em que o suspiro tem o peso da verdade

E a respiração a força das constelações

Momentos submersos na dimensão do espaço

Que rejuvenescem com o balanço de uma velha canção

Sons que a alma não esquece mas padece

Por se esquecer como força de um viver

Que teima por vezes em doer mas que

O rio faz escorrer até ao fim do seu percurso

Há dias assim...

Em que precisamos encontrar olhos de chocolate

Estrelas em forma de rebuçados

Objectos que sejam estranhos e originais

Dias em que nada nos saberá melhor do que um beijo

Dado no rosto com toda a ternura por um amigo

Ou um abraço sentido que nos eleva a moral

Quando percebemos que essas pequenas demonstrações

São impulsos para avançar pela via Láctea das emoções

Há dias assim...

Que passam a correr e parecem voar

Sobre a imaginação do tempo que parece escutar

A melodia que murmura o coração de um anjo

Que tardiamente se envolveu na paixão

De acreditar nos sonhos que emergem da noite

E reagem pela entalpia suave e macia

Que gera a entropia das nossas reacções

Tal qual erupção lávica de sentidos

Que irrompem da alma

Tal qual estalactites ou estalagmites

De suaves e profundos devaneios

Há dias assim...

E por esses dias que o céu nos abençoa

Por cada dia que passa em que sobrevivemos

Nos qual aprendemos um dado novo

Ou recebemos um presente diferente

Apaixonemo-nos pela vida e pela magia

Lancemos ao vento papagaios de papel

Sejamos crianças para rir e chorar

Acima de tudo vivamos a vida

Para esquecer a morte e fugir dela

A cada curva e esquina

Vamos sorrir e manter-nos assim

Eternamente crentes em dias melhores

Porque decerto haverá dias assim

Sonya
Enviado por Sonya em 01/10/2006
Reeditado em 30/07/2008
Código do texto: T253918
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