Estranho da minha VIda

"Podemos converter alguém pelo que somos, nunca pelo que dizemos"

E da frase nasce o poema...

Estranho da minha Vida

Que um dia esteve tão perto

De ser o olfacto que desejei

O olhar que procurei

O paladar que sempre busquei

O tacto que me encantava

O som que me embalava

Enfim os sentidos

Da minha alma livre e liberta

Estranho da minha Vida

Revolto e atormentado

Em busca de naufragios

Que embala de silêncio

Achando lembranças

Mas deixando o rasto

Incompleto e desconexo

Do absurdo

Estranho da minha Vida

Sopro de uma inspiração

Vivência de um passado

Que sonhei ter junto ao coração

Que alimentei como um passaro

Caído de um ninho

Como quem dizia à ave

Voa e cruza o meu caminho

Estranho da minha Vida

Que ocupas o vazio da tua imensidão

Deixando perdido o destino

Lançando ao vento o carinho

Abandonando entristecida

A borboleta da esperança

Que um dia quis com as suas cores

Tornar a existência mais bela

Mais pura e mais viva

Brilhante e resplandecente

Como a pauta de um raio de sol

Estranho da minha Vida

Que te recusas a apoiar

Esta alma adoentada

Tonta e desorientada

Pálida e amargurada

Não pela rejeição

Mas pelas voltas da Vida

Que num furacão frenetico

A afastam do rumo

A deixam no deserto

Estranho da minha Vida

Sombrio como um chaparro

Fugidio como uma enguia

Usas chamas de dragão

Para afastar do teu céu

Esta velha canção

Que não é mais do que a recordação

Do tanto que nunca existiu

Estranho da minha Vida

Quantos projectos nunca cumprimos

Nem mesmo as coisas mais simples

Que tinham o alcance do Amigo

A facilidade de um lego

Criado para nos desenvolver

E quem sabe fazer entender

Que a construção é feita de raiz

E que são os alicerces que suportam

Os fiascos e os rombos

Que as ondas do mar

Fazem no casco deste barco

Já velho e cansado de navegar

Estranho da minha Vida

Nunca te quis converter

Se um dia me aproximei de Ti

Foi porque assim me encantei

E por isso jamais tentaria

Impedir alguém de ser

Aquilo para que nasceu

Reflexo do que aprendeu

Esforço do que sofreu

Estranho da minha Vida

Estas rimas escritas sem preceito

Não têm a intenção de alterar posições

São desabafos e são suspiros

Desta estranha da tua Vida

Que nasceu simplesmente assim

Com este jeito diferente

De dizer o que sente

Expressando desalentos

Alegrias, sorrisos e lamentos

Que o tempo conserva sob a forma de poemas

Que um dia alguém lerá

E quem sabe sorrirá

Quando aqui me rever

Estranho da minha Vida

Terias muito que conhecer

Na verdade pouco compreendes

O meu jeito de ser

A essência do meu Eu

A psicologia do meu coração

Ou a filosofia da minha mente

Mas és assim e lá sabes

Se segues para bingo

Se ficas sem nada

Abençoado sejas

Se dizes Amém

Eu no lugar da fé

Anseio que o tempo voe

E nas asas de um anjo

Me devolva ao ninho da minha alma

Por tudo isto te chamo

Estranho da minha Vida

Sonya
Enviado por Sonya em 24/09/2006
Reeditado em 30/07/2008
Código do texto: T248287
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