“Solene perda”

Vivo sem saber quem sou

Já me importei, claro

hoje não, não me procuro mais

Vivo de minha solene perda

Ora, tudo que eu temia, hoje é minha energia

Vivo no abrigo, na antiga dor

e uma flor, ao desabrochar, sorri

Mas meu sorriso, que escândalo

Vivo a passear entre os mortos

Mortos; porque o tempo não lhes pertence mais

Vivo nas ruas ao meio-dia, vivo!

À noite eu conto quase tudo ao tempo dos outros

Mas ninguém me ouve, o que digo não faz sentido

Vivo o não-sense, livre-me

Meu sentido é um escândalo, ninguém quer enxergar

Sou um louco varrido?

Vivo desse modo, sem precisar saber quem sou

Já me importei, claro

hoje não, não me procuro mais

Vivo de minha solene perda

“De perda?”

Sim. Desse ganho...

Dessa soma que me pertence

De um amigo, poeta, maluco!

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Para você que me disse certa vez: que às vezes é preciso alguns passos atrás, para depois então seguirmos adiante. Hoje me lembrei de você, de sua palavra oportuna. Então, Rogério, fiz um poema para os vencedores, aqueles que fazem de suas aparentes perdas, “uma soma que lhes pertence”. Você saberá repousar muitos nomes, nesses versos soltos, aqui oferecidos...

troclone
Enviado por troclone em 06/04/2010
Reeditado em 26/04/2010
Código do texto: T2181607
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