JORNAL DE ONTEM
Jornal de ontem
Redação efervescente de notícias
Preparação da nova edição
Trabalhos bem apressados
Novidades a serem editadas
Jornal, notícias a serem dadas...
É um eterno renovar, eterno publicar
Manchetes, crônicas, extras do acontecer
Tanta coisa do dia a dia pra comentar
É um só batalhar pra terminar
O jornal de hoje, um eterno oferecer...
Somos assim que nem jornais
Somos as novidades primeiras
Manchetes, clichês, assuntos
Dos mais variados momentos
Das páginas políticas às policiais
Classificados, crônicas, sociais...
Hoje estamos sendo as preferidas
Encantadas disputadas criaturas
Somos então a primeira página
As manchetes que correm soltas
Somos as importantes figuras...
Logo depois de lidas e relidas
Já não somos mais interessantes
Se o jornal de hoje é maravilha
O de ontem não interessa mais
Jornal velho estéril, claudicante...
De tão usadas somos esquecidas
Com o jornal prestes a se acabar
Sem mais notícias interessantes a dar
Somos as antigas amareladas páginas
Amassadas, jogadas, ignoradas...
A vida sempre com seus mistérios
Pagamos com o troco da faina
Com o do dia, assuntos, novidades
Proliferam os de maior emoção
O de ontem, esquecimento, desilusão...
Mas temos ainda restando os encantos
Nos tornarmos eternas serventias futuras
Pois as amassadas, ignoradas páginas
Despedaçadas, largadas, amareladas
Servir ainda resguardar as rasgadas...
Quem sabe um dia mais tarde
Nos retirem dos desencantos
Pois se já fomos as primeiras
Nas páginas do hoje jornal
Guardamos singulares assuntos
Que não se apagam jamais...
Agora as matérias atuais
Não cabem em velhos jornais
E os de tão antigas lembranças
Que nem ficam mais esperanças
Agora só notícias sensacionais...
Mas se fomos o ontem a oferecer
Temos tantas coisas ainda pra se ler
Recordando os tempos de outrora
Guardemos as páginas tão sem tinta
Servirão para mais tarde se ter
Lembranças de se rever toda hora...
Myriam Peres