Estava eu

Estava eu

No ponto de ônibus

Esperando o “Busão”

Havia perdido um

Por não querer correr

Estava com tempo

Peguei um cigarro

E comecei a procurar

O isqueiro "Zippo"

Que sempre usava

Hoje não fumo mais

Quando um senhor

Mais ou menos

Da minha idade

Posso acender o seu cigarro

Cavalheiro?

Ele perguntou

E eu aquiesci –

Claro por favor,

Ai ofereceu um cigarro a ele

E ele aceitou

Ficamos fumando

Ali no ponto

Esperando o “Busão”

O ônibus chegou

Embarquei

Ele ficou

Passou-se uma semana

E no dia do rodízio

Uma Segunda Feira

Lá estava eu no ponto

E o Senhor chegou

Ofereci um cigarro

Ele ofereceu o isqueiro

Falei – Não sei o seu nome

O meu é Bittar

O Meu é Haddad

Falei – Haddad e Bittar

São a mesma coisa

Ou seja, Ferreiro.

Só que o Bittar

Faz a ferradura

E o Haddad a esquadria

É verdade

Então somos parentes

Somos primos

Ou como se diz

Brimos

Demos uma boa risada

Ai, Ele que estava indo para.

O Líbano

Estava com medo da guerra

Mas precisava ajudar

Os parentes

Na colheita do figo

Das tâmaras e do mel

Seus parentes Industrializavam

Estes produtos

E como os homens

Estavam guerreando

Ele precisava voltar

Para ajudar a família

Ficamos logo de cara muito

Amigos

Hoje ele esta

No Líbano bombardeado

E eu fico pensando

Será que ele esta vivo

Será que conseguiu colher

Os figos as tâmaras e o mel

Tomara que esteja vivo

E que um míssil não atinja

A sua plantação

Tomara que a guerra acabe

E que haja paz

Entre os homens

Mesmo entre os que não tem

Boa vontade

ABittar

Poetadosgrilos