ANCIÃ

Deixa-me pousar as minhas mãos

Sobre as tuas mãos

Essas fortes mãos

Que agora frágeis

Sentem-se cansadas pelo tempo.

Mas que no decorrer dos anos

Fizeram à história

Delicadas e nuas

São minhas, são tuas.

De amor, famintas.

Deixa que eu sinta

A ternura que em ti ainda mora

Quão embora triste, não está só.

Deixa-me pousar as minhas mãos nas tuas

Ainda que sintas desejos ardentes

Ocultos...

Guardadas em ti

Verdades nuas e cruas.

Vaidades pousam em teu olhar

Mas na garganta um nó

-e as lembranças de um tempo-

Para que sinta que ainda és forte.

Será um dia saudade pra muitos

Porém, jamais morrerás

Pois és um templo vivo.

Do amor a inspiração.

És a poesia!

Jamais será desfeita em pó.

Nesse corpo frágil mora uma alma risonha

deixa-me andar ao seu lado.

Caminhar contigo

Por caminhos que somente nós

Poderemos ainda conhecer.

Deixa-me pousar as minhas mãos

Sobre as tuas mãos

Para que juntos possamos atravessar estas ruas

E que nunca! Jamais sintam por ti

Dó!

Lili Ribeiro e Tony Maneiro