Antemanhã misteriosa - POESIAS DO TEMPO

ANTEMANHÃ MISTERIOSA

Pela fresta da janela

Foge ao céu de suas entranhas

Uma e Meia, coisa estranha!

Furta o sono ao poetinha

Pelo brilho da montanha.

Lua cheia, prateada

Com seus raios transparentes

Em lado errado do mundo

Brilha aos olhos dos transeuntes.

Os atentos indagavam

O que viam suceder:

_ Seria um plágio do dia,

Ou uma estrela a perecer?

*Primogênita, a lua

Reclamava sua herança

Quer do mundo a parte sua

Não quer mais essa mudança.

Nessa guerra em céus opostos

Canta o lobo em agonia

Quando grita um viajante:

_ Trova à noite ou ao dia?

Como todo bom mistério

Não se apega ao saber

Foi-se embora em silêncio

Dando ao mundo o sofrer.

Vida estranha, bela noite!

Há sentido em viver?!

Existir é qual a lua

Que hora insiste em não morrer!

E o poeta, da janela

Pôde olhar maravilhado

Sem, contudo, entender

O momento mais sublime do ano...

O dia em que a noite não quis amanhecer.

Lançarott

*Nota: Na história das "silmarils" os Deuses, da arvore Telpérion, que estava morrendo, fizeram brotar uma flor de prata ( a lua). Dessa flor nasceu um fruto dourado ( o sol).

lançarott
Enviado por lançarott em 22/02/2008
Reeditado em 28/09/2015
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