Antemanhã misteriosa - POESIAS DO TEMPO
ANTEMANHÃ MISTERIOSA
Pela fresta da janela
Foge ao céu de suas entranhas
Uma e Meia, coisa estranha!
Furta o sono ao poetinha
Pelo brilho da montanha.
Lua cheia, prateada
Com seus raios transparentes
Em lado errado do mundo
Brilha aos olhos dos transeuntes.
Os atentos indagavam
O que viam suceder:
_ Seria um plágio do dia,
Ou uma estrela a perecer?
*Primogênita, a lua
Reclamava sua herança
Quer do mundo a parte sua
Não quer mais essa mudança.
Nessa guerra em céus opostos
Canta o lobo em agonia
Quando grita um viajante:
_ Trova à noite ou ao dia?
Como todo bom mistério
Não se apega ao saber
Foi-se embora em silêncio
Dando ao mundo o sofrer.
Vida estranha, bela noite!
Há sentido em viver?!
Existir é qual a lua
Que hora insiste em não morrer!
E o poeta, da janela
Pôde olhar maravilhado
Sem, contudo, entender
O momento mais sublime do ano...
O dia em que a noite não quis amanhecer.
Lançarott
*Nota: Na história das "silmarils" os Deuses, da arvore Telpérion, que estava morrendo, fizeram brotar uma flor de prata ( a lua). Dessa flor nasceu um fruto dourado ( o sol).