CONTRATEMPOS
(Sócrates Di Lima)
O tempo passa,
Pareço velho,
Meus cabelos sem traça,
Prateados no outro lado do espelho.
Entre olhos...
Pasmo,
Desfolho,
Sarcasmo!
Passa o tempo...
que o vento leva,
Contratempo,
Futuro sem reserva.
Não sei de onde venho,
muito menos para onde vou!
Loucuras eu tenho,
O ontem, ainda, não acabou.
E se lá eu fui!
Nas asas de um vento alado,
Vi, que minh'alma possui,
Um abismo inacabado.
Talvez eu saiba quem sou,
na dobra das minhas esquinas,
E se por ai eu vou,
Aqui ficam minhas sinas.
Há em mim um amor que nunca se acaba...
Procurando um coração sozinho!
Ele vem aqui, transpassa, desaba,
Segue sem olhar para trás, no meu caminho.
Talvez alguem saiba dos meus sentimentos,
Mas, tem medo de vivê-lo na realidade,
Tornando meus momentos...
Infinidade!
Então, sinto-me pergaminho,
Folha sem lavras,
galho sem passarinho,
Boca sem palavras.
Passo a ser indefinido,
Esculpido na areia...
Poema resumido,
Um mar sem sereia.
E por tantas vaidades,
Nas vidas vividas ficadas na saudade,
Sou o verso sem rima, perdido nas vontades,
Sou o Eu, romance, um verso cru, de infinidade.