Festa Pagã
Vou andando pelos campos
Celebrando nossos cantos
Vou bebendo do meu vinho.
Para espantar os prantos.
A poesia que me embala.
Enche a taça da minha vida.
“Carpie diem” é que se fala.
Quando toco minha lira.
Quero mel e ambrosia.
As maças e quero as uvas..
Vem Deméter e sua filha.
Eros vem saudando as musas.
E Hefesto traz o fogo.
Chega noite, chega Hades.
Que os sátiros venham todos.
Venham Mênades à vontade..
E vêm flautas e tambores.
Vem Apolo a cantar.
Pro cortejo dos amores.
Gaia dança sem parar.
Entoando a Afrodite.
Dionísio rege a orquestra.
A música sobe aos céus.
Seduz a todos para a festa.
As estrelas brilham mais.
E a lua vem mais perto.
A coruja em seu olhar.
Diz que tudo é um mistério.
Pois aquele que morreu.
Já não deixa mais saudade.
As auroras que florescem.
Matam deuses sem piedade:
Matam a falta, a retidão.
Matam a culpa, o castigo.
Matam em festa a castração.
Em delírio, matam rindo.
Sobe a terra, descem os céus.
Todos bêbados, extasiados.
Brada o Deus do mausoléu:
- Todos já serão julgados!