"Linda cigana"
Linda cigana
Cigana, pitonisa do meu destino
Alimentadora do meu coração
Nas mãos procuras caminhos
Nos traços, patinas aventuras
Envolvente em teu linguajar
Esperanças a alimentar...
Ases, reis, damas, valetes, coringas
Bailam no ribombar das previsões
Incutem valores, certos amanhãs
Predizem malfadas estórias, aventuras
Cavalgas em ilusórias hastes mentirosas
Profetizas terrores, encantos, ternuras...
Cigana, gestos místicos, entonações
Mulher, germinas suspenses a dor
Explorando, oferecendo nos dizeres
Sustos e anseios cheios de amor
Numa fantástica argúcia inventas
Crias tudo, insinuando força, poderes
Jogo de cartas místicos, enganadores...
O que será meu amanhã? perguntam
Ela com a bola de cristal, mirando
As peças, montadas, contando
Olhos parados, sofisticados
Em querer ler tais passados
Prever amores desencontrados...
Acendendo velas, na mistificação
Fica somente, encarando, ludibriando
Cigana, mága das incertezas
Das correntes, das almas presas
Mas orgulho dos que acreditam
Nas esperanças que profetiza...
E, nas danças que tu deslizas
Qual espanhola assim vestida
Num eco a te pronunciar
Tu, cigana, bailas serena
Na mulher que se fantasiou
Na cigana, que enganou...
Myriam Peres