poesia, a menina
essa menina me intimida,
me alveja, me aniquila,
mas põe pra cima também
porque me diz a verdade,
me conta mentiras,
inventa que eu não sei,
mas não me diz o que sabe
e é só fantasia
o que ela me oferece,
o que acha que tem,
mas não diz pra ninguém
que é disso que eu gosto,
que é do que preciso
comigo é malvada
porque me faz bem,
é assim que ela entende
aquilo que quero
o atalho que acho,
ela acha comprido,
me dá o comprimido
que é o da ilusão
menina vadia, da quiromancia
menina lustrosa, e até saborosa
às vezes a vejo deitada,
comendo abóbora,
olhando pro céu
pra ver se me encontra,
menina eu queria mudar o teu nome
porque, poesia, você me consome...
pra onde eu olho, ali eu te vejo
é só um desejo de alimentação
ou, então, poesia, é o que almejo?