"A velha e as rugas"
A velha e as rugas...
Lá se ia a velha saltitante
Com seu cajado , trotante
Lá se ia capengante
Mas feliz ia cantando
Sua melodia tão distante...
No seu mundo ia contente
E no sorrir com um só dente
Feliz da vida, emocionadamente
Compondo em harmonia
Toda sua vida e alegria...
No rosto amadurecido
Muitas rugas acentuadas
Ela maliciava e dizia
Que tinha vivido e marcado
Todo amor que ainda sentia...
A velha viveu sua vida
Com muita sofreguidão
Amou, fez da vida uma canção
E as rugas que apareceram
Provam que nada foi em vão...
Batendo o cajado no chão
Capengando sua canção
Com as rugas bem compassadas
Dando solfejos estridentes
Das melodias dolentes...
E no sopro das emoções
Cantigas capengas de ilusões
Trotava com seu cajado
Sentindo estar ao seu lado
Seu amor do coração...
Quero um dia ser essa velha
Que com os anos de solidão
Não afasta de si toda ilusão
Lembrando de tudo então
Vivendo só com o coração...
Myriam Peres