de noite na quadra
“marcado pela própria natureza
o Nordeste do meu Brasil
oh solitário sertão
de sofrimento e solidão...”*
no tempo em que se fazia samba-enredo,
talvez com mais compromisso,
eu jogava linha de passe com bola de meia
e depois comia choriço
soltava pipa com linha envidrada
e ninguém reclamava por isso
minha mãe correndo e eu da chinelada
e ela falando que eu era um estropício
mas de noite
ia dizer lá na quadra:
“Miquelina moça bela, Miquelina moça fina,
desfilava na Portela
e também na Tupi de Braz de Pina,
cadê Miquelina...”**
*trecho do samba-enredo Os Sertões,
Em Cima da Hora, 1976
** trecho de um partido-alto, Martinho da Vila