varal da solidão
rico, rico, rico
com as pérolas que escrevo
que só eu as avalio
e com elas me rio
pois pouco valem pra alguém
como eu também
uma franja no rosto
um brinco na orelha
tatuagem no braço,
no púbis, um abraço
da ovelha, da velha
pentelha chamada saudade
estou na idade
de sair de madrugada
procurando gatos pardos
numa rua sem saída
usando a camisa puída
pelo sabor da alegria
sem medo da alergia
de ficar dependurado
no varal da solidão
como um louco a escrever
escrever com o coração