o feitiço da chuva
chuva de pétalas de rosa,
atmosférica presença
de gemidos e indulgências da amada,
chuva que molha a calçada
e bate na folha de zinco,
de periféricas lembranças
dos barulhos no telhado
que ajuda a pegar no sono,
chuva que faz a alegria das plantas,
que se agiganta ou se degenera
ou chega depois de mansinho
e faz aqueles veios no caminho,
soltando as pedrinhas do piso de saibro
com seus pingos fortes que assustam a gente,
chuva, esse belo presente
que lava a saudade mas não leva,
chuva – a água ou a égua de pele sedosa
que não precisam correr
para nos alcançar,
que precisam viver
pra nos enfeitiçar...