o feitiço da chuva

chuva de pétalas de rosa,

atmosférica presença

de gemidos e indulgências da amada,

chuva que molha a calçada

e bate na folha de zinco,

de periféricas lembranças

dos barulhos no telhado

que ajuda a pegar no sono,

chuva que faz a alegria das plantas,

que se agiganta ou se degenera

ou chega depois de mansinho

e faz aqueles veios no caminho,

soltando as pedrinhas do piso de saibro

com seus pingos fortes que assustam a gente,

chuva, esse belo presente

que lava a saudade mas não leva,

chuva – a água ou a égua de pele sedosa

que não precisam correr

para nos alcançar,

que precisam viver

pra nos enfeitiçar...

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 03/10/2012
Código do texto: T3913729
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