"Poeta maluca"
Poeta maluca
Sou a poeta maluca
Sou a doida do poetar
Dos sonhos e do luar
Vou rimando a vida afora
Botando as palavras pra fora
Querendo somente sonhar...
Abraço sonhos, cantando
Vejo sorrindo os enganos
Na luz das trevas, do amor
Canto minhas cantilenas
Vivo minha vida serena
Piando como beija-flor...
Sou, sim, doida varrida
Chove, vejo o sol raiar
Das trevas o maior luar
Das dores, espero amanhãs
Tropeçando pedras cortantes
Não doi, deixo a vida me levar...
Sou a azucrinada serena
Aquela poeta pequena
Que faz da lua luar
Vendo as flores, sorrindo
Lindos perfumes, surgindo
Nos ramalhetes do amar...
Quando me espio por dentro
Com meus olhos rasos d'água
Deixo fluir meus queixumes
Vejo da vida os ciumes
Que teimam em me sufocar
Mas na magia dos versos
Me embalo logo a sonhar...
Tonta de tanta loucura
Só vejo cantante o amor
Debocho dos desenganos
Pois recitando e rimando
Esquecendo o dissabor
Vivo em versos, sem dor...
Vejo muita gente na espera
Com cotovelos na janela
Esperando tudo acontecer
Na ânsia do desespero
Sufoca o mundo inteiro
Fazendo a gente gemer...
Deixo a vida me levando
Eu, sorrindo, chorando
Vou até me tropeçando
Mas a felicidade reside
Ver o amor, chegando
Sorrindo, me acenando...
Myriam Peres