Semeadura
Esta cova que cavo
Sob o sol de abril
Há de ser minha oca
Minha toca
Meu covil
Hei de chamá-la: casa
Meu abrigo sombrio
Uma espécie de útero
Materna caverna
Onde irei hibernar
Será como um casulo
Minha cela
Um asilo
O meu céu
O meu lar
Cemitério exclusivo
Para o meu espírito
E esta terra preta
Que se acumula sob as minhas unhas
Há de ser minha herança
E ali, no escuro
Luzirá como o ouro
Será todo o tesouro
Que em vida
Fui capaz de juntar.