o escriba

quando escrevo, fujo

pra onde queria ir,

embora não ache o lugar;

quando escrevo, me solto,

não sinto a falta de alguém

pra conversar,

porque talvez converse com muitos

que nunca vão me conhecer,

muitos que nunca vão me convencer

de que eu devia parar,

devia parar de escrever;

pois quando escrevo, eu ando

pra todo lugar que eu quero,

embora, pra ser mais sincero,

a lugar algum vou chegar;

mas isso é o que me conforta,

abrir muito mais que uma porta

pra não ter o que encontrar

quando escrevo, me acho

na minha indefinição,

mas nunca na contra-mão

do que eu não queria sentir...

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 16/05/2011
Reeditado em 16/05/2011
Código do texto: T2972977
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