Viagem passarinheira
De regresso ao meu lar um riso brota
em dança na alameda morna e mansa,
os arvoredos passarinham na conquista,
cujo senhor é meu olhar,que não cansa
de colorir e sorver no cheiro de mata,
embebida de cantares que à alma lança,
em faíscas cósmicas de saudade aberta,
por onde mina cada gota d’esperança!
Meus olhos perdidos na passarinhagem
intrínseca, muito íntima, partícula deles,
azuis, verdes, sol n’água,plácida viagem
desnuda-me a alma a cada troca das peles!
Asas abertas,sorriso solto, no olhar a alma
espia liberta, o mais ansiado viver ganha,
o crepúsculo vem se abrasando na chama,
deliro! É incrível, indescritível a façanha!
Paixões me vêm, ventanias inchando velas
e as afundando por vezes no fundo inferno,
doces ventos sem o que não iria às estrelas,
nem navegar de pego em pego, tão sereno!
Santos-SP-03/11/2006