Vagar

Hoje saí ferido

de um embate

jamais desejado

Porém ergui-me

e saí sem dizer;

para forçar

as pernas

a reagirem

sem perceber

Livre, na saborosa

e refrescante

brisa da madrugada,

esqueci-me do ferimento

E iniciei minha jornada.

A cada passo largo

um fardo, do navio,

ao mar bravio jogava

para que escapassem ilesos

os tripulantes daquela fragata.

Andei como nunca antes houvera imaginado

e conheci novos os lugares das antigas retas.

Andei ereto e reto,

até ultrapassar o traço das ruas,

já introvertido pelas pernas, tanto ali passadas.

Elas aliviaram meu cérebro que não

bem raciocinava.

Então me mostraram passagens ainda

inéditas, e minha alma percebia,

também, as almas inebrias,

que vagavam na instigante madrugada.

Se o que faziam era lícito ou apenas divertido não importa

minhas pernas mostraram que curiosos personagens surgem

das altas badaladas.

Não vemos mais o siso e o conciso,

nas horas profundas só há o vagar e o divagar,

sem pressa nem compromisso,

até que o dia amanheça e as pernas

terminem o real serviço e me levem a descansar.

Elias F Mourão
Enviado por Elias F Mourão em 30/09/2010
Reeditado em 02/12/2010
Código do texto: T2528797
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