Vagar
Hoje saí ferido
de um embate
jamais desejado
Porém ergui-me
e saí sem dizer;
para forçar
as pernas
a reagirem
sem perceber
Livre, na saborosa
e refrescante
brisa da madrugada,
esqueci-me do ferimento
E iniciei minha jornada.
A cada passo largo
um fardo, do navio,
ao mar bravio jogava
para que escapassem ilesos
os tripulantes daquela fragata.
Andei como nunca antes houvera imaginado
e conheci novos os lugares das antigas retas.
Andei ereto e reto,
até ultrapassar o traço das ruas,
já introvertido pelas pernas, tanto ali passadas.
Elas aliviaram meu cérebro que não
bem raciocinava.
Então me mostraram passagens ainda
inéditas, e minha alma percebia,
também, as almas inebrias,
que vagavam na instigante madrugada.
Se o que faziam era lícito ou apenas divertido não importa
minhas pernas mostraram que curiosos personagens surgem
das altas badaladas.
Não vemos mais o siso e o conciso,
nas horas profundas só há o vagar e o divagar,
sem pressa nem compromisso,
até que o dia amanheça e as pernas
terminem o real serviço e me levem a descansar.