PLENITUDE

Vivendo a plenitude do tempo,

sorvendo cada segundo

com sofreguidão

sinto, a cada dia,

que pertenço ao mundo,

em outra fase desta dimensão.

São novas harmonias

a envolver momentos

de plena satisfação.

Sonora como música

estou ilhada

numa escala desde o Dó até o Si,

num delicioso conluio

com meus amigos recentes

- que parecem tão antigos...

Se ainda canto,

canto com a alma na garganta

como canta, talvez, o rouxinol.

Se ainda amo,

sinto um amor mais abrangente

que envolve a quantos

estejam ao meu redor.

Com toda a plenitude

deste tempo

que os anos permitiram-me brindar,

com a alma ainda plena de esperanças,

uma taça de champanha borbulhante

numa noite de luar

tão deslumbrante

ergo e brindo:

à Vida!

ao Amor!

Ao Tempo!

à Felicidade!

Bem sei que o fim

está a espreitar meus dias

- é inevitável...

No entanto sinto que este espaço

vai trazer consigo algum resquício

de distante amor.

Há de aninhar, também,

como embalei meus filhos

em meus braços,

doces lembranças

do seu tempo de crianças.

Tudo o que eu viver,

depois de tantos anos

e de tantas alegrias,

será como pétalas de jasmins

a perfumar minha jornada.

Íris diáfana

a alegrar meus dias

e tantos ocasos,

tantas chuvas e auroras

e multicores colibris

a libar mil flores

em profundas visões

de uma vida que ainda pulsa

em apoteótica

Plenitude!

(esta poesia foi vencedora do Concurso Literário da Casa do Saber Gerontológico da UFSC/2008)