Morador ausente

Solidão escapuliu por aí e se frustrou

procurando sem te encontrar. Sem nada,

só lhe restou se lamuriar de enciumada,

em sombras mal vestida se desencontrou!

Perdoa! Suplicou ela, por tanto te querer

e te deixar as mãos vazias ao meu dispor,

sufocando louco desejo de teu anseio ser

a esperança bem acompanhada de amor!

Acenando parto, partindo vou lamentando

que o vão de teus braços encheram o vazio

e teu sorriso, virgem sedução desdenhando

o meu abandonado pranto s’acabrunhando,

vou demolindo no impossível adeus tardio!

Perdoa-me,que a ti perdoei toda a traição

onde desmaiavam os teus mágicos sonhos,

cheio de melados ais arrepiando à canção,

diante da fímbria que enluara os carinhos!

Lá se foi a pobre s’arrastand'até'inferno,

mirand’a primavera te seguir cantarolando;

apenas partindo, só, sem outono nem chão,

porque o céu enflorescido tu ganhaste todo,

sobrando-lhe caos e breu,enjeitada solidão!

Santos-SP-31/07/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 31/07/2006
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