Ventos que vieram de longe

Senti a brisa roçar meu rosto...

um suspiro de carinho no meio do deserto...

onde muitos riam e sorriam...

em que havia cavalheiros e plebeus...

deixei por um instante o doce de lado...

verti minhas lágrimas ocultas...

fiz uma gota escorrer pelo semblante...

ela nem soube disso...

seja amiga, seja o carinho que sonhei...

seja um amor livre, sem intenções de nada...

como o vento que a gente sente...

o vendaval é triste, esqueçamos furacões...

aqui nem passam essas coisas...

só passam ternuras pelo coração,

vêm sentimentos de saudade...

eu sorrio mesmo na dor...

olha que as fantasias moraram em chalés...

viveram em montanhas altas...

sorriram e choraram muitas vezes...

Vou pedir ajuda para Castro Alves,

talvez ele me ensine a compor versos melhores...

para decifrar segredos de coisas lindas,

os enigmas da doçura verdadeira...

coisas comuns, coisas iguais no coração...

a primavera se faz presente...

sinta a criança olhando, ela enxergou vc de longe...

ela vive aqui no coração...

mesmo quando menino eu era sonhador...

muitos são assim...

e a felicidade predominou meu viver...

Hoje sinto-me estonteante,

um vislumbre de algo que sonhei...

que tanto sonhei com tanta força de vontade...

que tanto me entreguei e fui impulsivo...

mas que mistério é este?

que sabes que sou pequenino, e que apesar disso

me consideras um pouco...

não encontraste cama vazia, solidão, sombras de uma árvore sem água?

Deixe o vento roçar mais meu rosto...

refrescar de dias quentes de primavera, o primeiro verão...

onde flores brotam em plantas belas...

orquídeas bonitas como vc...

não sou o sol que resplandece...

nem a lua da noite que refrigera...

que sua luz prata ilumina os românticos...

não sou o oceano profundo que tem abismos,

nem sou nada além de um apaixonado do século dezenove...

só tenho flores para dar, só um coração de rapaz...

se parecesse louco de tanto amar...

é só a vez que foi fundo como o mar...

desesperos fortes, dores de saudades,

mas como pombas inocentes, que não tem dentes...

não como o leão faminto, nem como os tigres...

não como a espiral da via láctea...

que deixa tudo em volta do seu centro...

nem como a energia estranha que faz os aglomerados

irem afastando-se contra a lei da gravidade...

talvez sejam uma forma de vento...

uma força que move o sentir...

Wanderson Benedito Ribeiro
Enviado por Wanderson Benedito Ribeiro em 17/11/2009
Reeditado em 17/11/2009
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