boneca de cetim
a calçada se alegra
quando ela passa
e até acha graça
dos olhos dos homens
que trocam o desejo
pela admiração
o guarda ficou
com o apito na mão
carro quase bateu
mas foi só de raspão
e aí é que então
ela prende os cabelos
e mexe o pescoço
sem afetação
continua andando
o joelho atrevido
decora o vestido
e nos chama a atenção
o quadril num molejo
que exalta o desejo
vestido colado
mostrando um corpo
sem necessidade
porque na verdade
o que ela tiver
a gente adivinha
pois não há rainha
sem cetro ou coroa
e então, numa boa
o que ela é?
é a exuberância
dos olhos gentis
da boca perfeita
tal como o nariz
do jeito que só
ela tem de sorrir
parar, progredir
e depois debochar
de quem a olhar
mas sem a intenção
porque a formosura
não troça ninguém
a gente é que tem
que abestado ficar
Rio, 04/09/2008
(homenagem a “Satin Doll”, do magistral compositor Duke Ellington)