boneca de cetim

a calçada se alegra

quando ela passa

e até acha graça

dos olhos dos homens

que trocam o desejo

pela admiração

o guarda ficou

com o apito na mão

carro quase bateu

mas foi só de raspão

e aí é que então

ela prende os cabelos

e mexe o pescoço

sem afetação

continua andando

o joelho atrevido

decora o vestido

e nos chama a atenção

o quadril num molejo

que exalta o desejo

vestido colado

mostrando um corpo

sem necessidade

porque na verdade

o que ela tiver

a gente adivinha

pois não há rainha

sem cetro ou coroa

e então, numa boa

o que ela é?

é a exuberância

dos olhos gentis

da boca perfeita

tal como o nariz

do jeito que só

ela tem de sorrir

parar, progredir

e depois debochar

de quem a olhar

mas sem a intenção

porque a formosura

não troça ninguém

a gente é que tem

que abestado ficar

Rio, 04/09/2008

(homenagem a “Satin Doll”, do magistral compositor Duke Ellington)

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 15/10/2008
Reeditado em 15/10/2008
Código do texto: T1229348
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