TAMBORES NA RUA

TAMBORES NA RUA

Ontem, quando retornava á minha vivenda,

Contemplei, por um átimo de tempo,

A beleza que brota da ressonância

De uma orquestra de tambores afro-brasileiros.

E que mabiosa sonora harmonia:

A sincronia residia

Na perfeição da imperfeição

De sua cinética cadência pantomímica.

De repente,

Era uma aquarela de reações

Nos envolvendo:

Carros, brados, resmungos, fleuma e silêncio

Compunham a platéia da semi-inércia do trânsito

Que assistia ao espetáculo dos tambores rufando.

Ah, a minha aura se entorpece de gozo

Ao ver a imagem da orquestra em avanço

Tocando:

Eu me vejo n’África, o umbigo do mundo;

Eu me vejo no aconchego dos braços da liberdade

A degustar o elixir do vento em minha fronte roçando

Com afagos translúcidos, plácidos, lentos;

Eu me vejo na praia,

A água do Atlântico meu corpo em seu regaço de espiral

Banhando opulento;

Eu me vejo, em sonho,

Segurando a crina do Pégasus voando ledo.

Ah, Tambores, Bahia, Brasil, Encanto de meu olor caseiro!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA