Santos Dumont - Asas da Liberdade
Asas da liberdade
(23/10/1906.......23/10/2005)
A despeito da fraude americana
em dizer ter o vôo pioneiro
a verdade é que foi um brasileiro
a vencer uma antiga busca insana
de dar asas enfim à raça humana.
Da planura do chão de Bagatelle
alça vôo um suave Demoiselle
como outrora se ergueu 14-Bis;
vai por cima do povo de Paris
acenando à feliz mademoiselle...
Parecendo um brinquedo de papel
corta o vento da tímida manhã
procurando alcançar aves irmãs;
solitário viaja este corcel
e navega imponente pelo céu...
Legislando na própria gravidade
da leveza do ser em liberdade
como flecha no céu vai trespassando
toda mente que insista vez em quando
duvidar do que possa a humanidade.
A visão futurista ainda atordoa
e lhes rouba o chão por sob os pés;
a razão se lhes faz toda ao revés:
aceitar e entender que o homem voa...
Tudo mais já parece coisa à-toa...
E por toda a Paris ganhando tom
burburinho de vozes – um frisson
à passagem de homem tão franzino
que no chão não é mais que um menino,
porém, quando no céu: Santos Dumont!