O bloco do bem-me-quer

Estou prestes a enlouquecer

E ainda nem é fevereiro.

O carnaval está chegando

E o meu biquíni branco ainda está guardado.

Vou tirá-lo da gaveta e dizer

Que há samba na rua

Que há vida na rua

Que o bloco do mal-me-quer

chora

Mas o bloco do bem-me-quer

sorri

Porque estou nele.

Sou aquela, sim, aquela:

A odalisca azul

O palhaço de trança

A freira de batom lilás

A gueixa de óculos escuros.

SOU O POVO

Que não aceita o bloco do pão e circo

SOU O POVO

Que samba na rua ao som do povo que canta

Fartura e fome

Alegria e tristeza

Vida e morte

Amor e desamor.

Mas meu samba é tão pequeno, meu Deus!

Eu queria que ele fosse grande

Como o da mulata do morro.

Eu, a passista da cidade, tão amarelinha...

Queria só a metade da graça da mulata.

Vou buscar meu biquíni branco

Fevereiro é logo ali.

E eu vou sambar no bloco do bem-me-quer

O samba do quem me ama.

Hilda M Valentim
Enviado por Hilda M Valentim em 14/01/2018
Código do texto: T6225883
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.