Pietá (homenagem às mães)

A sumaúma no tronco parece um tesouro

A reza ferve no peito qual mouro

A guerreira pensa das vitórias, os louros

No medo uma voz retumba por coro

O colibri visita um dia perfeito

A musa nos olhos se eterniza, efeito

O rio translúcido lhe convida pro leito

O nirvana é um estado, enfim, de peito

A leoa pune dos leõezinhos a rinha

“não aparenta mas é fruto a pinha”

“a vida não se pode viver sozinha”

A costa ri quando lembra a varinha

A joão-de-barro se orgulha da casa

A andorinha protege o mundo na asa

A ararazinha espera do açaí, uma rasa

A esperança de paz da pombinha de Gaza

A maré da paixão na várzea invade

O cheiro quente do pão, na boca a vontade

Eu sou um mocinho pra sempre a idade

De minha mãezinha eu tenho saudade.