SÉTIMO DIA DE PESSACH
Já se arrastam uns seis dias
Como faço todo o ano,
Melênios de travessias
De um coração sem engano.
Serão sete dias amanhã,
Ao por do sol, o descansar,
Quando a luz do meu afã
Não mais quiser brilhar.
Para mim não é um peso
Me abster da levedura,
Sinto-me até mais teso,
Isento de amargura.
E na noite, a lua lívida,
Tão contente a liberdade
Com seu lumiar tão tímida,
De expressa castidade.
Pura como ázimo pascoal,
Alva como a gélida neve,
Assim é a liberdade vital
Que é serena e tão leve.
Sinto na carne cândida luz,
Cuja liberdade proclama
Que pelo mar nos conduz
Com o lume da nova chama.
Se inda mais um dia eu tiver,
Se mais um sol me brilhar,
Se ele assim o quiser,
Irei transpor grande mar.
E nesta festa das primícias,
Os frutos, os primores
São símbolos de carícias,
Como de dois amores.
É reviver, não ser esquecido,
Cada passo, separa a bandeja,
Cada momento bem vivido,
Cada lembrança da peleja.
Nesta manhã que rezei
Último dia da comemoração,
Sacro cíclo, eu lembrei
Que marca o fim da escravidão.
(YEHORAM)