Tenho a impressão que há um outro mês
Entre dezembro e Neruda porque de repente
Vem um espaço, de repente, e já se inicia outro ano.
Na noite de 31 de dezembro me vem
Uma emoção estranha que defino
Como saudade do que se está passando.
Vontade de falar com o mundo todo
Uma tristeza alegre porque vem outro tempo
E uma alegria triste porque o velho se foi.
Invade uma reflexão agoniada de que o tempo
Passa tão depressa e a pergunta : será se vou
Estar vivo para assistir à morte de outro dezembro?.
Apagam-se as luzes, fecho os olhos
E o coração a mil como se trocasse de semblante
E as pessoas ficam trocando felicitaçães apressadas.
Em noite de ano novo quem nasce assiste
A um novíssimo janeiro e quem morre
Abre mão de todos os tempos
E quem vive, de alegria chora e bebemora.
( Incluí Neruda porque há uma pergunta dele, assim : Como se chama esse mês que fica entre dezembro e janeiro?. O início da poesia era condição sine qua non para homenagear esse grande poeta.)