À criança que eu não fui

Flui agora, passado meio século de vida

a criança que tentei abafar,introvertida,

mas que gritava ao caos silente,receosa

que todo som a fizesse mais desastrosa!

Quanto mais veementes apelos sociais

me impeliram a lhe sedar a indignação,

mais ela murchou embutida em seus ais,

porém hoje nela esbarro pela depressão!

Tristeza e angústia levam ao silogismo

que contrapor maturidade com inocência

é como batalhar sem inimigos e a esmo,

perdendo-se poder,razão, paz e alegria!

Assim fiz, espremendo minha essência,

engajando tantos padrões comunitários

de natureza estranha; porém, não previa

qu’ainda pulsav'a criança dos mistérios!

Desincorporei o rótulo que me escondia,

devolvendo-me a uma criança palpitante,

que vibra comigo no ritmo da harmonia,

rompo a muralha nula e o que me limite!

Entre a criança que não me consenti ser

e a adulta mal resolvida e traumatizada,

sucedeu o matrimônio e o meu Renascer.

Liberta em mim a criança,sigo a jornada!

Santos-SP-07/10/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 07/10/2006
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