Meu dia-a-dia
Quanta beleza reunida numa só pessoa
Não sabia que tua vinda seria para mim
Uma coisa tão boa.
Desde o seu nascimento, até mesmo antes
Rolou uma nova paixão no ar,
Em nosso lar.
Tu não sabes o quanto é ruim sair para trabalhar,
E pra voltar... Ah! Pra voltar...
É uma hora que demora chegar.
Quando eu chego, tu estás a dormir, a sonhar...
Chega até falar.
Outras vezes: acordada, dando risada.
Quando estais deitada, a cabeça fica empinada
No colo, só quer ficar sentada.
Tua esperteza me enche de felicidade.
Ninguém diz que só tem três meses de idade.
De repente vem o sono e quer dormir,
Aquele sono de passarinho e eu tenho que me vestir.
É hora de sair pra estudar,
Pra passar no vestibular.
Começa então aquelas aulas
Que parecem não ter fim – mas têm.
E volto correndo para junto do meu bem:
Meu maior bem.
Chego e abro a porta,
Ninguém acorda.
Tento acordá-la, pois não resisto,
Não quer, me empurra. Eu insisto.
Depois acorda, abre os olhos e eu a beijo
E com alegria eu festejo.
Está lá:
Dormindo no tapete ou no sofá.
Tua mãe deitada ao lado
Te aquecendo do frio que entra pela janela
Este cuidado
Jamais falta nela.
Brinco sem querer parar,
Meu bem está com a fralda molhada
É hora de trocar.
Os cabelos estão amassados, assanhados, molhados de suor
Nessa hora,
Tua beleza é maior.
Os olhos abertos, espertos;
Troco a fralda e tu já queres dormir
Sem abusar, ponho no colo e te consolo.
Começo a cantar, a ninar, a balançar o chocalho
E tu dormes sem dar trabalho
Nem precisa tanto balanço, dorme logo que nem me canso.
Ponho na cama
Aquele anjo dormindo
Anjo que tanta gente ama.
E assim comemoro
Com muita alegria,
O meu dia-a-dia.
Homenagem a minha filha Isadora em abril de 1998.