ROLLING STANDING (Pássaros Neolíticos Da Páscoa)

A guerra reinava no Sistema

Solar. Raquel e Lia nasceriam

Muito depois da grande

Tribulação. A dor e o sofrimento

Em ação comovem o coração do

Criador. Os patriarcas surgiram

No tempo bíblico sob os fluxos e

Refluxos de Vênus. Marte, há tempo

Ainda cometa, circulava sob

A forma de espada em busca

De uma órbita estável. O mar

Abriu-se. A benevolência e a

Compaixão não faziam parte

Do mesmo chão. No dia do

Santo Rei, de 13 para catorze

De Abril os passos do povo

Guia cruzaram a areia em

Direção à estrela Guia quando

Vênus ainda cometa parecia-se

À serpente de chifres expulsa

Das entranhas de Júpiter. Marte

Singrava o horizonte sob a forma

De espada. A órbita da Terra

Mudava aa posição geográfica

De seu eixo. A estrela Polar

Fugia do lar da Grande Ursa

Os pólos magnéticos trocaram

De lugar. A Lua bailarina dançou

Numa nova órbita sistêmica

O tempo passava trôpego em

Durações diversas. Mês, ano, e

Dias cediam à noite mais cedo

Seu lugar nas trevas. Dos astros

Novas configurações súbito

Surgiam de erupções vulcânicas

Montanhas ascenderam do fundo

Do mar. O Faraó ficou sem seu

Exército e sua mão-de-obra

Alimentava-se da ambrosia

Que chovia do "Olimpo". A gente

Do Sinai peregrinava no deserto

As paredes de suas casas

Ambulantes e o teto de seu

Lar feito do barro das estrelas

Os tijolos de suas tendas

Construídas de vento e a

Sintaxe das orações ecoava

No deserto como velas enfunadas

Ao lado das ondas encapeladas

Como sondas pressentidas no ar

Os passos temerários pisavam

Conchas sobre as areias do Êxodo

A estrela Polar foi agasalhar só

A pele curtida no horizonte de

Eventos nos braços pudendos

Da Ursa Menor. Os cobertores de

Lã eram também tecidos de rocha

E gelo. Potestades emergiam do

Equador em direção sul. Partícipes

Da cosmogonia os anjos da sexta

Hierarquia migravam rumo

Ao Himalaia. A poeira ainda não

Havia assentado de todo. As

Religiões surgiam de dentro do

Medo dos povos enquanto as

Pragas, prodígios e fenômenos

Do Êxodo vicejavam das nuvens

Tempestuosas da calda do cometa

Vênus. A fé de Josué parou no

Tempo o irmão Sol e a irmã Lua

As lendas e parlendas brotaram

Dos grãos um e dois nos pães

Ázimos dormidos, comidos com

Feijão e arroz na manhã de domingo

Do pé de cachimbo. A tradição oral

Intriga visceral das tramóias de

Palas Atena, agonizava. Os deuses

Malditos, agora aflitos, bruxuleavam a

Partir da herbácea aromática e ardente

Do Monte Sinai. Lá embaixo feito de

Lama, ouro e pedras preciosas o

Bezerro de ouro medrava, como se fora

O último tesouro Götterdämmerung

Milênios depois Homero narraria em

Versos Eros e Tânatos aventuravam-se

Ainda outra vez, em nome de Tróia

A armada dos deuses malditos voltou

Com Helena e o Cavalo dos gregos

Enquanto Marte refeito provinha a

Pátria de Roma. Os profetas hebreus

Antigos como o dia do juízo, anunciavam

Fidalgos, os arcanos e arcanjos da Boa

Nova. O Olimpo até então paradigma

Da cronologia cósmica agonizava abaixo

Da terra histórica sob os quatro elementos

Beduínos surgidos do Eufrates. Das águas

Do Dilúvio brotou um novo sal.

Júpiter havia expelido Vênus.

Há tempos os muitos outros deuses

Das batalhas mais antigas nas hostes

Celestiais como que sumiram sob o

Pranto do sumo sacerdote da inundação

Universal. Os príncipes e reis divinos

Dos povos anciãos deram lugar

À outra lua, novas luas novas, cometas

Eclipses, asteróides, convulsões que do

Horizonte neolítico revelariam a origem,

As guerras de interesse das narrativas

Homéricas. Vagas insidiosas engravidaram

Gaia, mãe de todos os seres

Hera num aborto súbito pariu

As gerações que antecederam

Os medos da civilização ocidental

Cronos castrou o pai, de seu sangue

Nasceram as Erínias. O tempo incógnito

Mítico: Ciclopes, Titãs, Hecatônquiros

Simbolizavam poderes sem idade

Que deram lugar aos legendários conflitos

Dos reis anteriores à Antiguidade

Egito, Alexandre da Macedônia

Sacrifícios humanos, crenças astrológicas

O monoteísmo de Israel surgido das religiões

Astrais. A mãe das mães, Tellus, reinava

O filho neolítico já não precisa tanto

Do pai substituído pelo inconsciente coletivo

Memórias dos tempos ancestrais. A alma

Primitiva do homem tão ampla, treme num

Corpo frágil memorial de horrores

Origens do bem e do mal. A memória

Afetiva chegança da memória principal

Como se o homem fosse um computador

Memória interna, memória primária

Geológica, dos trópicos de Câncer e

Capricórnio. Mutações da ficção real

Deram origem às novelas e filmes

Milênios depois quantas tardes tristes

O uísque ainda não havia surgido

Da fermentação do lúpulo dos cereais

A novidade era o sabor virtual da Nova

Era que brotava “on the rocks” nos

Pubs de gelo e erva do “rock in rool”

Rock and roll à Rolling Stonehange

As bandas pastiches mistas de ópera e

Tragédia grega ao som da guitarra

A Nova Era surgia do quarteto "Forever"

Na década que nunca terminaria dos anos

Sessenta, calcanhar de Aquiles

Da modernidade sedenta de mercado

Consumidor. Depois das grandes guerras

Todo recém-nascido era um maldito

Traidor. Ameaça à milenar tragédia

Humana presente, passada

Fisgada na filosofia de Nietzsche

Vagabunda como uma adolescente

Roqueira jogada à força do acaso

Num inferninho pequeno-burguês

Num baile funk cheio de drogas e

Medo pânico dos sons dos embalos

De sábado à noite nas periferias

Dos Clubes e "pubs" do Santo Marquês

A jovem crazy rebola tudo que tem

Obcecada pela solidão e a ansiedade

Que a grande cidade sempre contém

Em meio à multidão de bailarinas

Do sexo seu corpo primitivo arde

Nas chamas do circo em cores das

Lâmpadas nas pistas de dança todos

Os horrores se renovam e os deuses

Malditos novamente fluem do sinal

Como se novos. Madalenas novamente

Surgem oferecidas, aos milhares, do

Vermelho da menstruação outra vez o

Mar Vermelho se abre. Feroz, a tpm

Cruel e sanguinária cobra vítimas

Das filhas pós-modernas da Bossa-Nova

E da Tropicália caipira de Sandy & Jr.

Ivete sangra os galos nos terreiros

Não tão samaritanos de Mãe Menininha

Crianças meninas, mães solteiras

Mal nascidas já fazem parte das rinhas

Nas periferias do rodar as bolsinhas

Em troca de uns trocados nas ruas

Meio desertas do centro da cidade

De carne. Saíram da escola

Dos programas de lataria da tv

A parir filhotes crescidos no útero

Ancestral das malasartes provindas

De Vênus e Marte ardem na chama

Nua do palco na cama, no coma, elas

Meninas sucintas abundantes

Largadas no mundo profundo distante

De Tânatos mascarado em Eros

A queimar no fogo da globalização

Adoram ser chamadas de cachorras

Nome cartorial da pós-modernidade

Delas, afrodisíaco nos "psycho motéis"

Cadelas, desejam depressa viver as eras

Desde a idade da pedra e poder curtir

Cada qual mais virtual qua a outra

As feridas abertas dos pesadelos

Tudo que querem é participar

Da vida curtida no "orgasmo", nos

Fins de festa dos finais de semana

Deitando e rolando nas camas nos antros

Os lábios entre aspas. Calientes

Obedientes, comportadinhas, batendo

Palminhas para as lisonjas do tio Silvio

Santos. Que mais poderiam querer e saber

Da cultura da globalização, senão pela via

Do boquete, da canabis e da danação?

Que coisa boa essas mulheres tão à-toas

Tão inuteens agitando, orgulhosas do

Cultivo do celular, a última moda da

Trajetória bíblica surfando entre as ondas

Desse novo Mar Vermelho que se abriu

Nele mergulham os exércitos dos faraós

Alô! Sim! Sim! Alô! A garota vai

Atravessar as águas do senhor Mercado

Sem se molhar. Isso não é possível

E a morena, neurônios mais velozes e

Ferozes que a vontade de velocidade do

Aírton Senna na curva Tamburello

Babete morena, Alô Alalaô a calcinha

Amarela veste bela seu disco voador

Alô! Ora! Ora ansiosa por um programa

Que contava estar entre as mãos

Mas esse filho da puta de merda

Desligou. Pode ser? Ninguém merece

A última vez que vi essa mutante

E seus poderes dos milênios

Resultantes, essa filha dileta

Da cultura ocidental, sorria largo

(quanta alegoria de viver) e nadou

E tão cedo morreu na praia. O grito

De espanto calou no céu da boca

Morria graciosa mente, os neurônios

Delirantes ainda tão calientes. Carinha

Mimada pela Mama Xuxa Abramavel

Vidrada no papagaio da Ana Maria Praga

Flácida, mortiça, amarelada

Como uma flor brotada nos jardins

De espuma da sala de jantar do hiv

Igual estivesse aflita, ao relento

Em seu rosto a decepção a se esconder

Ainda agora reluta em entristecer em

Desacreditar a ternura. Sob os olhos

Um mar de lágrimas migrando. Olhou

De soslaio para o teto rezando

Sozinha à Fada Madrinha. Não tinha

Mais ninguém a quem recorrer.

Talvez encomendando a alma, o corpo

Marcado pelas rinhas em troca de

Uns trocados. Pediu mais uma vez

A melhora, quem sabe a cura de seus

Fados. Através do Tempo adolescente

Do sentimento do Mundo brotava

Tão passado, tão passada

A flor hemorrágica da amargura.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 20/04/2010
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