AINDA NÃO É AGOSTO.
Sabe, há um poema que me inquieta. Eu sinto.
No entanto, dorme placidamente.
Já gastei horas tentando acordá-lo.
Sacudi o dossel,
como quem quer desnudar galhos de jacarandá antes do tempo.
Bem sei. Ainda não é agosto,
embora eu já tenha pegado alguma folha no flagra,
pelos cantos do muro.
Não, não eram rimas.
Até porque jurei que só escreveria versos brancos e livres.
Cansei das estruturas medidas.
A poesia, no entanto, ainda dorme, como os ursos no inverno.
Mas eu sei que ela me inunda.
Só meus dedos ainda não sabem.