UM LUGAR DE MINAS
Um dia turvo e frio,
Uma névoa esbranquiçada,
Derrama-se sobre a mata,
Deixando-a úmida e gelada,
Ouve-se o piar das aves,
Como se a uma toada.
A estrada assombreada,
Nos trás a melancolia,
Costumeira dessa época,
Seja noite, ou seja dia,
Nesta miragem bucólica,
Minha alma se inebria.
Com uma tímida alegria,
Cumprimenta-se quem passa,
Em frente às moradias,
Nas chaminés a fumaça
Do fogão movido a lenha;
Herança da nossa raça.
Nos botecos a cachaça
A boa prosa também,
Entre um gole e o outro,
Num gostoso vai e vem
De vizinhos e conhecidos,
É sul de Minas, oh! Bem.
Para não falar do trem,
Que no linguajar mineiro
Mais parece um dialeto,
Afora o amor e o dinheiro,
O resto é prosa boa,
Bons petiscos, bom tempero.
Não carrego no exagero,
Desta terra tão bonita,
Desta gente acolhedora,
Do sol que brilha e crepita,
Dos córregos de águas frescas
No pasto, o gado se avista.
Quem esta terra visita,
Leva consigo a saudade,
Quem vai daqui sempre volta,
Há uma cumplicidade;
Quem bebe a água da terra,
Nela se sente à vontade.
Falar bem não é bondade,
E quem quiser venha ver;
Certa vez fui convidado,
Estas terras conhecer.
Hoje partilho dos hábitos
E regras do bem viver.
Eu sinto prazer em ver,
As coisas boas de cá,
Espero que também queiras,
Mesmo do lado de lá;
Quando houver um tempinho,
Venha ver a Itajubá.
Cidade de Itajubá, 23 de dezembro de 2007.
Feitosa dos Santos
Titulo do poema: Maurílio Mota
Homenagem: Marilia Motta