DE CARTAS ARRUINADAS
DORES
Vidas repartidas
Na despedida
Tudo o que eu não consigo
é dizer adeus.
Me dê sua mão querida
E ainda que eu não diga
Da dor que fere o peito meu.
Quem sabe quisera eu que sofresses
O tanto que minha alma já sofreu.
Para que não digas que morro sem causa
Saiba que nesta hora prometheus
Queria muito não ter num dia novo
O fígado comido pelos corvos
Nem ter levado fogo ao breu
Não queria ter acendido paixão nenhuma
Vejo o inferno que isso me meteu
Sou então vendido aos poucos
Cada noite se vai um pedacinho meu
Cada dor que fere e mata
Queria eu oh minha ingrata
Oh minha amada
Este punhal no peito teu
Para dividir contigo a dor de ter perdido
Um amante um amigo um tempo
Um Deus !