AS VEZES!
(Sócrates Di Lima)
As vezes sinto vontade de ir embora,
de fugir do meu próprio Eu,
sair correndo porta a fora,
e esquecer que um dia fui seu!
Esquecer a distância que nos separa,
dos segredos que nos divide,
da espera que não chega e o tempo não para,
Sinto-me uma roupa velha no meu cabide.
A ansiedade que queima sem ferir,
A vontade que o vento logo leva,
O desejo que passa a insistir,
Mas de repente minha luz se fez treva.
Um amor em segredo...
discreto...
mas cheio de medo,
um querer secreto.
O poder não é querer
e o querer não é poder
sei bem disso, por certo,
mas, olho além da janela,
vejo apenas um deserto,
nem sinal do olhar além dela.
E assim, não sei, talvez esqueci...
Como era aquele sorriso belo...
aquele olhar terno não mais vi
nem o corpo sedento de amor eu velo.
E do que adianta amar assim...
do que adianta ser amado também,
Apenas sexo, prazer, loucura sem fim,
Quando e como nos convèm....
Ah! Não jogo a toalha,
nem fujo sobre estrada de espinhos,
Mas, o vazio e a ausência espalha,
como folhas mortas que o vento sacode nos caminhos.
Por tantas vezes amei assim...
Mas o tempo é cruel e envelhece as esperanças,
E toma a alma em medo de sofrer num amor sem fim,
e se perder sem as mãos que amparam,
que inutilmente separam
como se perdem as crianças.
Olho o telefone e nada
tudo bloqueado
uma mensagenzinha malfadada
num ícone sem imagem, com cadeado.
Ah! Por tantas vezes vi isto na minha estrada,
E por amor, na verdade, nunca aprendi...
Nem quero aprender quando se trata da mulher amada,
Mas as vezes, triste, me olho, algo senti,
Ai me indago...
pois tenho medo,
e desse segredo
num inutil afago
me agito
e grito...
Putz....lhe esqueci,
que merda!