O FEITIÇO DA LUA

Uma jóia que nos foi legada por Catulo da Paixão Cearense,

serviu de inspiração para este poema.

Ósculos e amplexos,

Marcial

O FEITIÇO DA LUA

Marcial Salaverry

"Não há, oh gente, oh não,

luar como esse do sertão..."

Lua que traz tanta inspiração,

lua que enfeitiça o coração...

A lua é feiticeira...

Sob o feitiço da lua,

surge a musa de beleza misteriosa...

A lua surge imponente,

aparece de repente,

e nos deixa fascinados,

com pensamentos apaixonados...

Ela tem quatro fases,

todas misteriosas...

Ora com força total,

com seu brilho colossal..

Ora vai minguando,

ora crescendo, impressionando...

Ei-la agora, Nova,

o que nos prova

o poder da força divina,

que tanto nos fascina..

Cercada por estrelas brilhantes,

qual colar de diamantes...

Despertando a inspiração

dos apaixonados do mundo,

que como se fossem meros vagabundos,

dormem a te olhar da rua,

sonhando com a amada toda nua...

Sempre musa, é a bela lua...

Lua feiticeira, lua misteriosa...

E o luar do sertão,

certamente faz bem ao coração,

enchendo a alma de uma doce emoção...

Marcial Salaverry

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Luar Do Sertão

Catullo da Paixão Cearense e João Pernambuco

Catullo da Paixão Cearense

Oh, que saudade do luar da minha terra, lá na serra,

Branquejando folhas secas pelo chão!

Este luar cá da cidade, tão escuro,

Não tem aquela saudade do luar lá do sertão.

Não há, ó gente, oh não,

Luar como esse do sertão Bis

Se a lua nasce por detrás da verde mata

Mais parece um sol de prata prateando a solidão

E a gente pega na viola que ponteia,

E a canção é lua cheia a nos nascer do coração

Quando vermelha, no sertão, desponta a lua,

Dentro d'alma, onde flutua, também rubra, nasce a dor!

E a lua sobe, e o sangue muda em claridade,

E a nossa dor muda em saudade, branca assim, da mesma cor!

Ai! Quem me dera que eu morresse lá na serra,

Abraçado à minha terra, e dormindo de uma vez!

Ser enterrado numa grota pequenina,

Onde à tarde a sururina chora a sua viuvez!

Diz uma trova, que o sertão todo conhece,

Que, se à noite o céu floresce, nos encanta e nos seduz,

É porque rouba dos sertões as flores belas

Com que faz essas estrelas lá no seu jardim de luz!!!

Mas como é lindo ver, depois por entre o mato,

Deslizar, calmo o regato, transparente como um véu

No leito azul das suas águas murmurando,

Ir por sua vez roubando as estrelas lá do céu!

A gente fria desta terra, sem poesia,

Não se importa com esta lua, nem faz caso do luar!

Enquanto a onça, lá na verde capoeira,

Leva uma hora inteira vendo a lua, a meditar!

Coisa mais bela neste mundo não existe

Do que ouvir um galo triste, no sertão se faz luar!

Parece até que a alma da lua é que descanta,

Escondida na garganta desse galo, a soluçar!

Se Deus me ouvisse com amor e caridade,

Me faria esta vontade - o ideal do coração!

Era que a morte, a descantar, me surpreendesse,

E eu morresse numa noite de luar, no meu sertão!

E quando a lua surge em noites estreladas

Nessas noites enluaradas, em divina aparição,

Deus faz cantar o coração da Natureza

Para ver toda a beleza do luar do Maranhão.

Deus lá no céu, ouvindo um dia essa harmonia,

A canção do meu sertão, do meu sertão primaveril

Disse aos arcanjos que era o Hino da Poesia,

E também a Ave Maria da grandeza do Brasil.

Pois só nas noites do sertão de lua plena,

Quando a lua é uma açucena, é uma flor primaveril,

É que o poeta, descantado, a noite inteira,

Vê na Lua Brasileira toda a alma do Brasil.

Marcial Salaverry
Enviado por Marcial Salaverry em 21/07/2020
Código do texto: T7012287
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