Apocalipse (Realidade?)
Por onde andamos?
Aonde vamos?
Passos apressados
Olhares disfarçados
Corpos aparentes
Almas obstruídas.
Levanto da cama
E o mundo segue dormente
Ando pela casa
Num ritmo frequente
Sinto o pulso
Os batimentos sem alterações
E isso me assusta.
Tudo tão particularmente invisível
Insensível
Sufocado
Esmiuçado
Sinto-me apagado
Incomodado
Ligo rádio, TV, computador
Vozes, imagens, palavras
Poluição mental
Sem significado
Durmo e acordo
Trabalho e descanso, ao menos tento
Refeições permeiam meus pensamentos
Apimentando entendiantes momentos
Contatos indiretos
Mensagens sem voz
Humanidade esvaída
Na calçada caída, ignorada
Para me conectar ao redor, me desconecto
Dos valores
Dos prazos
Dos volumes
Dos inchaços
Subterfúgios precisos
Articulações emperradas
Caminho em voltas, envolto em dispersão
Déjà-vu?
Preciso de um soco
Ao não quantificar a força do impacto
Viro saco de pancadas
E o pior sentir, é isentar-se da dor
Vivendo intensamente, o tal desamor.