Apocalipse (Realidade?)

Por onde andamos?

Aonde vamos?

Passos apressados

Olhares disfarçados

Corpos aparentes

Almas obstruídas.

Levanto da cama

E o mundo segue dormente

Ando pela casa

Num ritmo frequente

Sinto o pulso

Os batimentos sem alterações

E isso me assusta.

Tudo tão particularmente invisível

Insensível

Sufocado

Esmiuçado

Sinto-me apagado

Incomodado

Ligo rádio, TV, computador

Vozes, imagens, palavras

Poluição mental

Sem significado

Durmo e acordo

Trabalho e descanso, ao menos tento

Refeições permeiam meus pensamentos

Apimentando entendiantes momentos

Contatos indiretos

Mensagens sem voz

Humanidade esvaída

Na calçada caída, ignorada

Para me conectar ao redor, me desconecto

Dos valores

Dos prazos

Dos volumes

Dos inchaços

Subterfúgios precisos

Articulações emperradas

Caminho em voltas, envolto em dispersão

Déjà-vu?

Preciso de um soco

Ao não quantificar a força do impacto

Viro saco de pancadas

E o pior sentir, é isentar-se da dor

Vivendo intensamente, o tal desamor.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 30/05/2020
Reeditado em 30/05/2020
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