ROÇA

BICHO DO MATO

Vai incará? Sou bicho do mato e Sem trato...

Cuspo marimbondo e pego cobra ca mão!

Masco fumo de rôlo e ando descarço!

Do jacaré vô no encarço com bordoadas!

E se dér trovoada espero cair a chuvarada...

Só ando de foice na mão! À noite pico fumo

E despois pego no sono profundo!

Acordo com o sor nascendo e o chêro do café...

Uma espiga de mio debuiado com sar, e, vamu

Pra roça prantar de sor a sor pra mordi coiê!

E tê o que comê!... As veis barro o chão pra

Secá o café, e, despois uma oração pra São José

Que é pra nóis protegê o que nóis vai fazê!

De noite é bão pra oiá os vagalume no pisca pisca!

E, contemprá a lua arta e prateada alumiando a escuridão...

Sem baruio nóis escuta o canto dos grilo pra adormecê!

Mais nóis tem medo mesmo é do saci Pererê, que

Aparece de susto, numa perna só espantando

Gado e fumando seu cachimbo que dá pra vê de longe!

Aliás de assombração nóis entende! Seu môço da cidade,

O sinhô nuca viu coisa iguar de vivê no sertão!

Aqui nóis come bem e trabaia com sastifação no coração!

Como é bão escuitá o chuá do ribeirão, o xaquaiá das árvore,

O canto do vento, o coachá do sapo, o café no bule, o

Dia nascendo pra mais um prantio e coieita!

Morá na nossa choupana simpres e humirde, mais com as

Bênça de Deus e a proteção de Maria Santíssima!

A vida do “bicho do mato” é a mior vida que temo...

Nóis num recrama, porque nóis tem tudo o que precisamu...

Casebre simpres pra morá... Roça pra prantá... Saúde pra

Trabaiá... Fumu de rôlo pra mascá... Cigarrinho de paia pra fumá!

Mais, se me encherem o saco eu cuspo marimbondo, sô!

Nhô Alfredo...

Jose Alfredo
Enviado por Jose Alfredo em 12/04/2020
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