Um Novo Eu

Tento seguir, não desistir

Mas tudo que encontro tenta me iludir.

O brilho ofuscado do sol

O azul descolorido em meu olhar

O rubro viscoso de meu sangue

O vazio pendente, chacoalhando-me feito pingente.

Na garganta trago um nó

No peito, um buraco, único e só.

Nem mesmo nos melhores dias alegro-me.

Nem mesmo nos piores sonhos acordo.

E se?

"Se" me parece a solução para minhas dúvidas

"Se" transparece reivindicar a situação

"Se" poderia apontar a direção.

E tudo que me pergunto é, e se?

Se eu fosse capaz de voltar atrás

Se eu tivesse a chance de não errar novamente

Se eu tivesse a maturidade de viver intensamente.

Torne-se

Erga-se

Sente-se

Olhe-se.

Seriam os dias novamente abafados?

Teriam as palavras novamente significados?

Resgatariam os momentos anteriormente vividos?

Definiriam os sentimentos supostamente proibidos?

Intensamente tento erguer-me

Lanço a boia a fim de resgatar-me

Na água salgada que me fez naufragar, na qual afogar-me-ia

Confio somente nas correntes do mar para à praia voltar.

Olhos ardidos do sal, do sol, do choro, do céu

Suspiro alçando voo, momento meu

E na areia deixo o passado

Marcado, passo a passo

Sentido ao novo eu.

E que assim seja

Se assim puder ser.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 21/09/2019
Reeditado em 20/06/2020
Código do texto: T6750144
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