Folhas da Primavera
Um dia que há de florescer as flores e florestas,
Em que as árvores as comemoraram plantadas,
Madeiras poéticas, diz raízes da alma em serestas,
Tempo puro, folhas secas de caules desgastadas.
Quando meu eu se senta, vê-se no mundo bom,
Desdenhado em papéis, extrai palavras no fundo,
Mesmo sozinho, ouço cor da chuva, é sem som,
Perto delas, as falam comigo, de outro mundo.
Eis tempo puro, de agradecimento aos céus,
Meu coração se enche, maravilhado de ode,
Vindos do ar e das gramas, e árvores de véus,
Dos seus sons, e dons, que deitadas não pôde.
Eis de pensar, saída da lama de tempo sujo,
Corpo leve e alma limpa, curada por amor,
Mor tempo, mor dor, tens agora o bom e puro,
Pura e real, bem eu agora existo com ardor.