Falta
Eus perdidos.
Eus roubados.
Jogados pela janela.
Esquecidos no horário de almoço
nos despertadores e copos de café amargo.
Visitam-me aos domingos.
Sentam-se à minha mesa,
servem-se do meu pão,
bebem de minha cerveja
e partem.
Não há adeus para os meus eus.
Eles se perderão, se roubarão
serão alheios a mim mesmo,
e quando eu estiver só
serão minha companhia.
Mas com saudade de mim
seguirei sorrindo
sabendo que um dia me encontrarei.
Para além das lotações
dos pontos e papéis
dos bons dias e saudações
mergulharei-me um gole de chá
e às páginas de um livro velho
Ter-me-ei.