BUCÓLICA
VI... NÃO MAIS VEJO
Quando era jovem, vi brinquedos e folguedos.
Olhares cintilantes de prazer na inocência;
Nas amizades puras da gurizada amada!
No respeito aos pais, e, às normas sociais...
Quando era jovem vi sorrisos inocentes;
Vesti roupas descentes e condizentes!
Vi meus pais honestos cuidando da família!
Vi o brilho das aulas na escola do conhecimento!
Vi professores empenhados com competência
Ensinando-nos o saber e o conhecer!
Quando era jovem vi a Bandeira desfraldada
E respeitada!... Vi e ouvi o nosso Hino idolatrado,
E, na posição de sentido era minha postura
Sempre me conduzindo com compostura!
Quando adulto, vi possibilidades para trabalhar;
Vi minha família a cuidar e a amar;
Vi a dignidade de ser cidadão responsável;
Respeitar as leis e a edificação cultural!
Vi os livros e as letras a mostrarem o caminho;
Vi um país precisando de mim!
Quando adulto vi meu próprio tempo,
E, sem perder tempo, emprega-lo nas conquistas e
Sem perder de vista as responsabilidades
Cultivando a honestidade e a honra nas minhas lides!
Hoje idoso e com dificuldade vejo atrás de um véu
Tudo o que não quero ver!... A vida jogada ao léu!
Não vejo a vontade de acertar e a raça de viver...
Não vejo a fé conduzindo aos bons caminhos as
Pessoas... Não vejo Deus nas famílias...
Hoje idoso não vejo respeito nem consideração;
Não vejo o reconhecimento do Estado aos que
Deixaram seu legado na construção da pátria!
Não vejo a paz permeando os tecidos sociais,
Nem a dignidade de poder andar nas ruas em segurança!
Hoje idoso, sinto-me ameaçado até dentro de casa!
Vi a felicidade estampada naquela época da vida!
Não vejo a vida, hoje, valorizada, mas, banalisada;
Vi o amor nos tempos idos dos romances coloridos;
Hoje não o vejo, a não ser como produto de troca sexual!
Vi o andar seguro pelas ruas de antigamente
Não o vejo hoje, como andar entre as hienas viciadas
Vi os riachos límpidos e transparentes desde suas nascentes!
Não vejo o brilho e a fascinação do meio ambiente...
Pois, vejo sujeira e maus tratos somente...
Naqueles tempos, vi o silêncio saudável das noites e manhãs!
Não vejo hoje, sequer o respeito à Lei do Silêncio!
Vi as amizades autênticas dos amigos de outrora;
Não vejo, hoje, os laços firmes e fortes, a não ser
Das amizades interesseiras e falsas!
Vi a dignidade dos chefes de família nos seus empregos,
Com salários dignos no sustento da casa!
Não vejo, hoje, essa satisfação no rosto de trabalhadores!
Vi a comunhão de pais e filhos ao redor das mesas...
Não vejo, hoje, essa manifestação... Os celulares são os culpados!
Vi tanta educação nos “bom dia, boa noite, dá licença, obrigado, desculpe”!
Não vejo, hoje, nenhum requinte de educação, mas, somente grosserias!
Vi tantas bênçãos pedidas de filhos aos pais e avós!
Não vejo, hoje, essa integração divina entre filhos, pais e avós!
No meu tempo, vi tanta coisa boa e quase nenhum ruim!
Hoje, vejo tanta ruindade, tanta ignorância e tanta hipocrisia!
Que sinto muita saudade daqueles velhos dias!
Jose Alfredo