TEMPESTADE

O relâmpago iluminava tudo,

enquanto derramava faíscas elétricas

em todas as direções,

espalhando tensão e terror ...

Em resposta à reação histérica do relâmpago,

o trovão gritava, estridentemente,

ora com voz grave, ora com voz aguda,

ora com voz de "cana rachada",

mas qualquer que fosse

o timbre da voz do trovão

nos deixava assustados,

com vontade de rezar,

de confessar a Deus todos os pecados

e de pedir perdão pelos erros cometidos

ou simplesmente imaginados.

O vento zunia

e fazia maldade com as folhas

que arrancava das árvores;

sacudia os fios elétricos,

ameaçava levar os varais

e tentava arrastar as coisas indefesas

que, inocentemente, corriam deles.

A chuva caía violentamente,

obedecendo à direção do vento,

e formava um enorme lago nas ruas mal cuidadas.

A enxurrada descida das encostas

carregava os detritos, aumentando a sujeira.

As pessoas observavam, com medo,

aquela reação histérica da Natureza,

e até as que se diziam descrentes,

silenciosamente rezavam, pedindo aos céus

para amainar a fúria do vendaval.

E, naquele dia,

enquanto a tempestade ruidosamente

mostrava sua força indomável,

o homem,

que tem feito tantas descobertas maravilhosas,

pôde perceber o quanto é frágil

diante da força invencível da Natureza...

Maria Nascimento Santos Carvalho

Site : www.marianascimento.net

Maria Nascimento
Enviado por Maria Nascimento em 28/08/2007
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