TEMPESTADE
O relâmpago iluminava tudo,
enquanto derramava faíscas elétricas
em todas as direções,
espalhando tensão e terror ...
Em resposta à reação histérica do relâmpago,
o trovão gritava, estridentemente,
ora com voz grave, ora com voz aguda,
ora com voz de "cana rachada",
mas qualquer que fosse
o timbre da voz do trovão
nos deixava assustados,
com vontade de rezar,
de confessar a Deus todos os pecados
e de pedir perdão pelos erros cometidos
ou simplesmente imaginados.
O vento zunia
e fazia maldade com as folhas
que arrancava das árvores;
sacudia os fios elétricos,
ameaçava levar os varais
e tentava arrastar as coisas indefesas
que, inocentemente, corriam deles.
A chuva caía violentamente,
obedecendo à direção do vento,
e formava um enorme lago nas ruas mal cuidadas.
A enxurrada descida das encostas
carregava os detritos, aumentando a sujeira.
As pessoas observavam, com medo,
aquela reação histérica da Natureza,
e até as que se diziam descrentes,
silenciosamente rezavam, pedindo aos céus
para amainar a fúria do vendaval.
E, naquele dia,
enquanto a tempestade ruidosamente
mostrava sua força indomável,
o homem,
que tem feito tantas descobertas maravilhosas,
pôde perceber o quanto é frágil
diante da força invencível da Natureza...
Maria Nascimento Santos Carvalho
Site : www.marianascimento.net