PERFIL DO RIO

0 rio vai-se arrastando, preguiçosamente,

entre duas margens ornamentadas pela vegetação.

O andar vagaroso do rio,

repetido dia - a - dia,

vai desgastando as margens

e desintegrando a terra

até deixar as ribanceiras carcomidas,

danificadas e sem estética.

Os barrancos sofrem a deterioração

do passar vagaroso das águas do rio,

e a vegetação ribeirinha

vai-se desprendendo do solo frágil,

carcomido e danificado.

As águas mansas,

no remanso das horas quietas,

saem carregando, preguiçosamente,

a moldura do rio

que, antes de ser destruída

pelo andar vagaroso das águas,

se chamava vegetação

e tornava mais amena

a tristeza angustiante do rio.

À noite,

manso, de águas preguiçosas,

o rio parece mais lerdo, porém mais barulhento,

mais triste, mais volumoso, mais fundo,

e muito mais ameaçador.

E, nas noites cinzentas,

sem réstias de lua,

a vegetação ribeirinha

que ainda resiste à ação demolidora

das águas tranqüilas,

se perde na escuridão apavoradora do rio ...

E aqueles que passam por ele

se contagiam com a angústia das águas

que correm, preguiçosamente,

a caminho do mar,

seu último refúgio,

e nem percebem que, cada dia que passa,

se dirigem, velozes ou preguiçosamente,

para o caminho do fim ...

Maria Nascimento Santos Carvalho

Site : www.marianascimento.net

Maria Nascimento
Enviado por Maria Nascimento em 27/08/2007
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